sábado, 23 de fevereiro de 2008

Erasmus é...

Erasmus é planear,
Erasmus é sonhar,
Mas erasmus é ter muito medo de ir,
Erasmus é ter saudades na porta de embarque,
Erasmus é angústia quando nos apercebemos que estamos sozinhos,
Erasmus é corpo na Republica Checa e alma em Portugal,
Erasmus é sentirmo-nos estranhos e achar que tudo está a correr mal,
Erasmus é achar tudo horrível à chegada,
Erasmus é não dormir a primeira noite com nojo dos lençóis
Erasmus é apanhar multas no autocarro,
Erasmus é sermos olhados como aliens,
Erasmus é ir ao supermercado 5 vezes por dia,
Erasmus é ir ao IKEA e comprar tudo do mais essencial possível,
Erasmus é ter dor de costas por carregar as compras durante horas,
Erasmus é um dia acordar e sentirmo-nos confortáveis,
Erasmus é entrar no espírito do dia para a noite,
Porque erasmus é assim, tudo muda com a maior das velocidades,
Erasmus é conhecer outras culturas,
É dizer bom dia, “Good Mornning”, “Dobry Den”, “Buenos dias” ou “tchau” num espaço de cinco minutos,
Erasmus são viagens, muitas viagens,
É apanhar o comboio as 5 da manhã para pagar menos uma noite,
Erasmus é experimentar a comida típica de cada país, ou seja, o MC,
Erasmus é admirar sítios que jamais esquecermos,
Erasmus é festa, é música, é diversão,
Erasmus é ter aulas 3 vezes por semana,
Erasmus é gritar em conjunto: “WE LOVE ERASMUS!”
Erasmus é aprender, aprender muito mais do que os professores tem para ensinar,
Erasmus é faltar as aulas só porque não encontramos a sala,
Erasmus é ter um iogurte e um pacote de leite no frigorifico,
Erasmus é haver dias demasiados tristes, é chorar de saudades quando se desliga o telefone,
Erasmus é crescer,
Erasmus é aprender as respeitar as diferenças,
Erasmus é a experiência mais intensa de sempre,
Erasmus é sentir quem a kilometros de distância está mais perto,
Erasmus é surpresa e desilusão,
Erasmus é passar a valorizar muito mais Portugal,
Erasmus é ter saudades da boa disposição portuguesa, da alegria, dos hábitos, da comida, ai a comida…
Erasmus é fartar de ouvir uma língua completamente desconhecida,
Erasmus são dias em que nos sentimos completamente inúteis,
Erasmus é acordar às 3, almoçar às 7 e jantar às 11,
Erasmus é sair 2ª, 5ª,6ª, sábado e domingo,
Erasmus é esgotar a paciência para sair,
Erasmus são meetings na reception das 5 as 7 em 10 línguas,
Erasmus são amizades, são muitos sentimentos,
Erasmus são amores e desamores,
Erasmus são desilusões e óptimas descobertas,
Erasmus é ouvir que vamos fazer falta,
Erasmus é fazer cadeiras com exelente ou chumbar, sem saber muito bem porque,
Erasmus era, sem dúvida, ser AQUELA experiência,
Erasmus é contar os dias para voltar, mas no fundo saber que queremos ficar!

Janeiro

Janeiro, o meu Janeiro de há dois anos para cá, tem sido dos meses com mais stress do ano! Aquele mês que a única coisa boa é mesmo a passagem de ano.
Este ano o meu Janeiro foi muito diferente, o stress deu lugar a um role de uma imensidão de emoções.
A passagem de ano, depois de marcações e desmarcações, mudanças de isto e de aquilo, resolvi passar com as minhas forevers e resolvi muito bem, que adorei. Obrigadas babes forevers!
Depois disto, o dia 7, o dia do regresso, estava para próximo… Aquele frio na barriga aumentava com a chegada do dia. Lisboa estava boa, tinha sol, amizades e sorrisos, mas a vontade de voltar a estar com os meus erasmus já era alguma.
Entre frios na barriga e ansiedades lá chegou o dia 7. Claro que me aconteceu umas das coisas mais improváveis, que acho que só a mim é que me acontecem, que foi encontrar um amigo erasmus espanhol no aeroporto de Madrid, que por acaso é mesmo meu amigo, o meu Juama! E o mais giro é que íamos apanhar o mesmo avião, há coisas realmente fantásticas!
Depois de uma grande dor de costa de põe mala, tira mala, táxi, comboio, autocarro… Chego a residência e aconteceu-me uma coisa mesmo muita boa! O elevador estava avariado! OH NÃO! Vá, sobe 6 andares com malas! E já estafada saco da chave, olho para a porta e tinha o seguinte papel: “You must get new keys on the reception.” Ai adorei! Conclusão, enfiei as malas para a casa de banho, na esperança de ninguém mexer, corri para a recepção, o que incluía subir e desces as escadas, claro, e lá fui trocar as chaves! Ai raius para os checos! Portanto, a minha chegada foi fantástica, como podem concluir.
Mas melhor, melhor é que tinha exames no dia seguinte, ao qual ainda não tinha estudado nada, mas enfim. Matei as saudades de todos, confesso que já tinha mesmo saudades e foi bom voltar a velos.
As duas semanas seguintes foram entrecaladas entre umas horinhas de estudo ali muito à pressão e muita festa, mas que já cheiravam a despedida. Essas festas, que no fundo, foram muito parecidas com o resto do semestre, mas não deixaram de ser tão ou mais especiais. A sensação de entrar num sítio, em que tantas vezes entrei e pensar assim: bolas, só cá venho mais uma ou duas vezes! Essa ideia é um bocado assustadora, confesso.
Janeiro foi sem dúvida o auge das sensações! Foi a altura em que aproveitei para conhecer melhor ainda quem se deu mais comigo durante o semestre. Foi a altura em que disse: adoro-te e guardar-te-ei para sempre! Porque erasmus é muito intenso e só quem faz erasmus é que percebe a intensidade destas relações.
Quanto as disciplinas, em 6 inscritas fiz 5, o que foi muito positivo, já que a única que não fiz foi SIG porque a parva da prof queria um exame teórico para responder tal e qual como no livro, por isso, olha curva! Mas sai de erasmus vitoriosa, com dois 20, um 18, um 14 e um 10 (este 10, valia um em Portugal!), mas enfim, erasmus é mesmo assim.
Ao final de duas semanas, decidimos que giro giro era ir a Budapest! E lá fomos nós, eu e a minhas miúdas em busca de uma boa aventura!
Uma aventura que adorámos! Budapest é uma típica cidade do Leste, parecida com Praga, parecida com Viena, mas ao mesmo tempo diferente. Alias, todas elas podem ser parecidas, mas são diferentes à sua maneira, se é que me entendem. Budapest é uma cidade silenciosa, limpa, calma e especialmente bonita!
Ficamos num hostel não muito dentro do normal, em que a entrada era um bocado assustadora o homem que lá vivia muito estranho, mas era confortável. Alias, quem nos dera a nos aquela casa em Pardubice!
A parte mais gloriosa da cidade é Buda, mas é de Peste que conseguimos ver a sua exuberância! Em Peste existe um castelo em que conseguimos ver Buda, que confesso que foi o que mais gostei de ver. Aquele magnifico parlamento, conhecido em todo o mundo, que comprovei ser mesmo magnífico! Para além disso a praça dos heróis também me transmitiu uma fantástica magia.
Quando cheguei a Pardubice tinha apenas uma semana pela frente, a minha última semana de erasmus! Mas ao contrário daquilo que estava a imaginar, a minha última semana esteve longe de ser uma semana calma. Comecei a reparar que as pessoas andavam muito stressadas umas com as outras, irritadas por tudo e por nada, tristes! E só passados alguns dias é que percebi que toda essa irritação não era mais que um sintoma de saudades e um não quer que tudo aquilo acabasse. Normalíssimo! Até eu, que aprecio muito a minha calma, comecei a ficar assim, era estranho! Saber que tudo aquilo iria acabar era realmente muito estranho!
Dia 28 tivemos a última festa de erasmus, que tenho a coragem para dizer que foi das melhores! Porque estávamos todos, porque o sentimento de nostalgia era vivido por todos. Enfim, há coisas que são realmente difíceis de exprimir.
O jantar de dia 29 foi terrível, com aquele mau ambiente provocado pela chegada do final. Mas a noite compensou e aí o mau ambiente transformou-se num choro colectivo, que me estava a dar uma grandíssima angustia! Mas para atenuar essa angústia, houve pessoas, as quais não quero dizer o nome, mas que são umas portuguesas de Lisboa, que resolveram que giro giro era entupir a casa de banho do Byby Baba! Ai mal criadas!;D
A imagem do dia 30, com milhões de malas na recepção, cheia de pessoas com cara de quem não está bem a acreditar no que vai acontecer, nunca mais me desaparecerá. A despedida foi igualmente agoniante, cheia de abraços, beijinhos e choros. A troca de palavras bonitas, naquele momento, fez daquela despedida, uma despedida perfeita. E muito dessa perfeição a ti te devo Vicente, gracias mi cariño!
A última noite, foi passada em Praga em que, como é óbvio, não preguei olho. Praga dia 31 cheirava a saudade, a muita saudade, olhava para as ruas e sabia que em todas elas deixava uma história.
Mas ao mesmo tempo, era tanta emoção junta que eu não conseguia classificar os meus sentimentos, era estranho, a minha cabeça andava a 100 à hora todo o tempo.
“Gostámos de te ver ir com esse enorme sorriso”, foram as palavras da Gui e da Radhika no aeroporto. E realmente é verdade, despedi-me com um enorme sorriso, adorei, adorei imenso esta experiência, foi sem dúvida a MINHA experiência!
Por fim, queria deixar um agradecimento muito especial às minhas amigas Gui e Radhika que foram elas uma das grandes razões para correr tudo tão bem. Obrigada minhas queridas, adoro-vos!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Praga - Lisboa

Devo um pedido de desculpa a todos aqueles que acompanhavam com interesse este blog, mas que deixei de o actualizar.
Acho que foi uma mistura de falta de inspiração com falta de tempo, mas principalmente foi-me difícil exprimir a confusão de sentimentos que tão rapidamente se modificavam.
Porque esta história de Erasmus é muito, muito, muito gira e volto a repetir que toda a gente, se tivesse oportunidade, deveria fazer, mas nem sempre é um mar de rosas.
E portanto, passar 3 meses numa residência com hábitos já criados e de repente cair de pára-quedas em Lisboa, confesso que faz uma certa confusão.
Ainda antes disso, gostava de vós contar a história do dia em quem a minha família chegou a Praga, é porque agora tem o seu “que” de piada, mas juro que naquela altura não teve assim tanta.
Portanto, a minha mãe chegava a Praga às 14 e eu e a Gui resolvemos apanhar o comboio do meio-dia, assim estávamos em Praga por volta da uma e dava perfeitamente para lhes fazer uma surpresa à porta do hotel.
Mas, esquecemo-nos de um pormenor MUITO importante, é que estamos na Checa e na Checa as coisas nem sempre são assim tão lineares! Pois então, aconteceu-me o seguinte problema, para além de ter acordado super ansiosa e ter de carregar 2 malas super mega pesadas (tão pesadas ao ponto de ter dores durante dois dias) o raio do comboio avariou e só demorou 3 horas e meia e chegar a Praga, SÓ!
Eu e a Gui dentro daquelas cabines de 6 lugares (que são muitas giras nos filmes, mas que na Checa nem por isso), estávamos a entrar em desespero completo! Andávamos de um lado para o outro, dormíamos, falávamos, ouvíamos música, tudo e tudo e tudo, mas o comboio não chegava nem por nada. Juro que foi a viagem mais desesperante de sempre! E entretanto o tempo passava e a minha mãe chegou ao hotel antes de mim, óbvio!
Depois de sairmos daquela TRAMPA daquele comboio, passámos mais um momento muito engraçado, transportando as mil malas a subir e a descer passeios, passeios em obras e ao mesmo tempo com o mapa na mão à procura do hotel! Giro, não é?
E foi ai que o meu coração explodiu de ansiedade e entrei para o pokoj (quarto em checo, hum aprendi muita coisa) 212. Reencontrar, ao fim de 3 meses, quem estamos habituados a ver todos os dias, é no mínimo emocionante. Posso dizer que é um reconforto para a alma.
Os dias que passámos em Praga foram óptimos, principalmente porque senti que a minha mãe, o meu irmão e uns amigos que também foram, estavam a adorar a cidade. Já para não falar no conforto no hotel, um luxo gigante para mim, como podem imaginar!
Mas, apesar de estar a adorar mostrar a fantástica cidade de Praga, confesso que as saudades de Portugal estavam cada vez mais a apertar! Portanto, o dia 17 de Dezembro foi sem dúvida um bom dia. E claro, como é normal em mim, teve de haver uma engraçada situação durante a minha viagem, então não é que durante a minha escala em Milão encontrei uma pessoa que andou comigo na escola e que também estava de regresso a Portugal do seu Erasmus. Há coincidências fantásticas!
Na porta de embarque de Milão, começo a ver logo mil portugueses (sim, porque os portugueses distinguissem-se ao longe), inclusive um grupo de rapazes com aquela típica conversa: “Oh Puto, dá ai um euro! Oh Puto…” ai, por momentos fiquei logo farta de ouvir falar aquele português!
Mas, o melhor foi mesmo chegar ao meu país, ver os meus amigos, sentir aquele conforto, aquele calor, a nossa língua… e chegar à conclusão que depois de ter visitado sítios estupendos, Portugal é o melhor país do mundo!
Mas houve uma sensação muito estranha, é que entrei no carro, sai do aeroporto e pensei: mas que estranho, parece que estive um dia fora de Lisboa!
E realmente pareceu mesmo, porque nada especial mudou, porque Lisboa encontrava-se igual, as pessoas iguais, a minha casa igual (se bem que senti que passei a viver no maior dos luxos), tudo muito igual, acho que quem mudou em Lisboa fui mesmo eu.
Em Erasmus crescemos, em Erasmus aprendemos, com Erasmus vimos pessoas diferentes.
A minha estadia em Lisboa foi óptima, consegui ver quase toda a gente que queria, senti muitas pessoas muito próximas, talvez mais próximas do que nunca. É óptimo sentir isto, porque quando estamos longe pensámos que as pessoas se vão esquecer de alguma forma de nós.
Mas havia uma coisa que me incomodava imenso quando me perguntavam: “Então? E agora, queres voltar para lá?”. Realmente não conseguia responder a isso, por vezes a minha garganta secava… era óbvio que queria voltar a ver as pessoas de lá, mas sair do meu conforto, da minha família e dos meus amigos, era no mínimo incómodo.
Mas valeu a muita a pena vir descansar por uns tempos à minha Lisboa!