quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Prosim, que tenho que elogiar a checa!

Prosim, prosim, é a palavra que mais oiço em checo desde de que cá estou… E perguntam-me então que raio será isso… Pois é, não tem tradução, mas serve para tudo… As vezes, para um se faz favor, outra vezes, o que deseja, ou, com licença, ou, também um de nada… E mais coisas que ainda não percebi.
Então prosim que tenho de falar da forma como os checos tratam dos seus cães. Eu como apaixonada por eles, é importante!
É espantoso como desde de que cá cheguei não vi UM cão abandonado na rua! Estranho não é? Pois é, mas temos de lhes tirar o chapéu neste sentido!
A explicação para tal acontecimento, julgo eu, ser porque os animais podem entrar em TODO o lado com os seus donos! Em nenhum restaurante, café, bar, transporte, loja etc. tem aquele símbolo irritante de proibido a entrada à animais!
E lá os vejo imensas vezes, ali sossegados, sentadinhos ao pé dos seus donos com a maior paz do mundo.
Pois é, meu querido país, porque é que isto não se passa por ai? Aqui não há problemas de cocos, xixis nem cheiros dentro dos sítios, porque é que ai tem de haver?
Outra coisa que reparei e agora já percebi o porque, é que quando chamo algum cão, são poucos os que querem vir na minha direcção receber festas. Porque será? Porque se calhar, como estão sempre como os seus donos, não querem saber de festas de terceiros, já tem quem os proteja e os mime suficientemente.
Coisa que não acontece em Portugal, devido às longas horas que eles passam sozinhos ou sem saírem como os donos, sem ser o básico gesto de irem à rua.
Era sobre isso que gostava que reflectissem… Se gostam realmente dos vossos animais, façam-nos sentir bem! Sintam necessidade de estar, sempre que poderem, com quem tem uma enorme admiração por vocês.
E enquanto vou pensado nestas coisas, vou tendo cada vez mais saudades da minha cadelinha…. Que segunda a minha mãe, levantasse do sitio sempre que ouve: “é a mana!”, fantástico, querem melhor coisa que isto?

Dia de Portugal

Dado o avantajado número de portugueses aqui na Checa, coube-nos ser responsáveis por representar por uma noite o nosso país! O nosso país, que essa noite era a única continental, mas nunca escondi que tenho o maior orgulho e adoro as nossas ilhas, não é Açori? ;P
Durante a tarde, vá sejamos francos, como bons portugueses deixamos as coisas para o final da tarde, teve de ser. Andamos a preparar uns petiscos como só nós sabemos fazer. Ai, que saudades senti… Assar o chouriço foi a melhor coisa que me podia deixar fazer, aquele cheirinho, sim porque aqui na checa somos sempre recambiados a salsichas alemãs e já não posso!
Sim, mas não fiz só isso, não pensem que ando aqui a brincar, esta bem? ;P Mesmo não tento a certeza que seja uma receita típica portuguesa, fiz um salame de chocolate, que por acaso recebeu imensos elogios, mesmo quando na checa não há bolachas Maria!
Com tudo isto já estão a ver que aqui não é nada fácil, a matéria-prima é reduzida. Mas, mesmo assim, penso que conseguimos um óptimo resultado, pelo menos fomos bastante elogiados.
Tudo estava de acordo com as nossas cores, os pratos, os copos, os balões e o mais giro, toda a gente troce vestida uma peça de roupa ou verde ou vermelha, o que tornou as coisas ainda mais familiares. Eu que confesso nunca gostei da nossa bandeira, naquela noite, acho que foi naquela noite que passei a gostar, por isso andei a exibir a gigante bandeira da “amiga” como o maior orgulho de sempre!
Os restantes pratos tiveram aos mãos dos meus amigos madeirenses, muitas coisas típicas, algumas importadas, como as broas, outras como as rabanadas e os sonhos feitos cá. Quanto às bebidas, tínhamos a famosa sangria, que mesmo quando os estrangeiros não consigam dizer bem o nome, adoram e bebidas madeirenses como a pocha e o vinho.
Tudo isto acompanhado sempre da nossa belíssima musica portuguesa e quem me conhece, sabe o quanto adoro e sim é verdade passei o tempo aos pulos a cantar :D
E para tornar tudo ainda mais perfeito, tínhamos uma apresentação com imagens do melhor que Portugal tem para oferecer!
Ou seja, comida portuguesa, música portuguesa, cores portuguesas por todo o lado e umas fantásticas imagens de Portugal, senti-me realmente em casa, senti-me mesmo bem e principalmente senti que os outros erasmus estavam a gostar do que estávamos a oferecer. Portugal no seu melhor portanto! Por isso, temos muitas razões para ter orgulho no nosso país, é que há certas coisas que somos realmente bons, os melhores mesmo! Não precisamos de ter o rei na barriga como os nossos amigos Italianos, mas precisamos de acreditar mais em nós.

View I love you

A mochila de uma noite foi trocada pela grande. “São só duas noites e não vais utilizar tudo”, foi o que ouvi várias vezes durante a viagem. As viagens que eu tanto adoro, ao contrário da maioria das pessoas e nunca percebi porque gosto tanto, mas andar de comboio a ouvir a minha música sinto-me bem, sei lá eu.
Ao sair do comboio, a primeira sensação que tive foi que a estação se assemelhava a um aeroporto, se calhar não tem nada a ver, mas para quem já se habitou as coisas da Checa…
O grupo do meu primeiro dia era constituído só por estrangeiros, o que admito, ao final do dia tinha saudades de falar português!
Comecei a gostar logo daquela cidade a partir do momento que apanhámos um tramp que publicitava o turismo de Portugal, imaginem só a minha alegria, em plena cidade vienense ver imagens da minha Lisboa e do meu Algarve, foi fantástico!
Ainda que não tivesse no centro, não deixei de apreciar toda a fantástica arquitectura de toda a cidade. Uma arquitectura grandiosa, com uma beleza muito especial.
Depois de deixar a pesada bagagem no nosso hostel, longe como tudo, dirigimo-nos para o centro.
Fantástico, fantástico, fantástico, adorei cada pormenor, cada edifício! Mais uma vez apreciei a sua grandeza, a impecável limpeza das ruas, a classe das pessoas que passavam por mim, ou contrário dos checos, o que é compreensível, não posso comparar dois países que a única coisa que os une é apenas a fronteira.
De tudo isto só assinalo um ponto negativo, é que começou a chover ao ponto de ser tornar insuportável estar na rua! Um frio que por mais bonita que a cidade fosse e por mais que eu quisesse apreciar, foi-me impossível.
Bom, não foi o único, Viena é uma cidade mais cara que alguma vez visitei e duvido que tenha de voltar a pagar 3,5 por um simples café. Mas enfim, o que podemos fazer quando em Portugal se ganha 3 vezes menos?!
O frio obrigou-nos a voltar para o hostel ás 7 da tarde. E ao contrário de alguns resistentes aproveitei para recarregar forças para o dia seguinte.
Os 13€ do hostel, ainda davam direito a um pequeno-almoço, não o melhor, mas digamos que um agradável pequeno-almoço, ai é bom ser estudante!
Depois do meu pequeno-almoço já tinha os meus amigos madeirences, para ir mais um dia à descoberta!
Resolvi guia-los ao centro, sim já estava lá há um dia já era uma perfeita guia ;P e foi ai que nos deparamos com o mesmo frio do dia anterior, ou seja, impossível! Foi aí que resolvemos metermo-nos em trams e visualizar a cidade dentro do quentinho.
Ao sair do tram fugimos novamente para algo fechado e foi ai que descobrimos um museu. Um edifício enorme, que quase ia jurar que era usado para algo relacionado com a justiça, mas não, em Viena é habitual ser tudo assim, sempre grandioso.
Então o museu continha dois ENORMES andares sobre animais, em que no primeiro podíamos ver os seus ossos e no segundo os mesmos animais embalsamados. Fantástico, realmente muito bem feito.
Ao sairmos não havia alternativa se não hostel. E mais uma vez decidi ficar mesmo no quentinho, porque se durante o dia é impossível, imaginem à noite!
Ao pequeno-almoço reparamos que começava a nevar. O que para nós é uma raridade e que achamos tanta piada! E passado 2 horas está tudo, tudo branco! Tão giro!
Saímos, como crianças de 10 anos e jogamos neve uns para os outros infinitas vezes! Achamos um piadão aos primeiros passos na neve, mas logo reparamos nos nossos pés encharcados! Dai ter de pedir as galochas à Pita, percebes Açori? ;D
Fomos então conhecer o famoso palácio de Shoenbrunn e mais uma vez Viena encantou-me. Revivemos por uma hora a vida de rainha Fifi, num super palácio imperial, riquíssimo, o mais bonito que já vi e que duvido existir melhor. Logo eu, que não sou a melhor apreciadora dos interiores clássicos.
Voltando a realidade, voltamos para o centro em busca o único sítio que nos é acessível, o incrível Mc’Dolnads, que consta, ente nós, que é diferente dos outros ;P
Após os meus pés serem outros, viajamos novamente rumo ao nosso destino, portanto, a Checa.
So, of course, I love you View!

Coisas vulgares

“A vida tão simples é boa”, a velha e simples vida de sempre é muito boa. E por vezes, só conseguimos concluir isso quando mudamos a nossa rotina. Eu mudei em muito a minha rotinha, aqui faço tudo de modo diferente de Lisboa e tudo à minha volta é igualmente muito diferente.
Aqui sinto que as mais pequenas coisas me fazem falta, a minha rotina faz-me falta. O sentar-me no sofá e ver televisão. O ir passear a minha cadela. Receber um sorriso na rua de alguém conhecido. Ir ao supermercado e saber onde esta tudo e perceber o que esta escrito nas embalagens. Os passeios de domingo com a minha família, nomeadamente ir comer um pastel de Belém ou ir almoçar à Portugália ou à praia. O sol de Lisboa. A comida, toda a comida de Portugal, até aquelas coisas que não ligo muito, mas principalmente a casa dá minha avó, faz-me muita falta. As conversas nocturnas de família. Os meus amigos, aqueles que me conhecem muito bem e sei que gostam verdadeiramente de mim. As tardes sentadas em cafés. Os jantares em casa. O pão de alho e as pizzas de São Pedro com a Sara. Os sorrisos e as travessuras dos meus irmãos. As discussões è Zé Maria. As festas Roda Viva ao fim-de-semana e chegar a casa exausta. A minha faculdade, os meus amigos da faculdade, o entrar e cumprimentar toda a gente, os sorrisos de contentamento por saber que estamos juntos mais um dia, os jantares do ISEGI, os almoços, as praxes, as tardes de AE, o café cheio e com canela da Mónica, o bolo de Chocolate da Irene ou o mau humor de economia mas que sai mais económico. As saídas à noite, o baixo alto, a ginjinha. Uma noite de tunas. Os concertos que gosto de ir… Enfim, um sem número de coisas, que me fazem realmente falta e longe as valorizo como nunca as valorizei!
E como isto anda sempre ao contrário, que quando temos o cabelo liso queremos ondulado, e quando temos loiro, queremos moreno e etc. Sei que quando voltar para Lisboa vou sentir imensa falta de muitas das coisas que aqui vivo. Assim como tenho a certeza, que irei ter uma lista do mesmo tamanho que esta para as enumerar. Mas, por enquanto vou contado as 3 semanas que me faltam para regressar a Lisboa.
Erasmus, é isto mesmo, em erasmus há dias assim…